quarta-feira, 24 de junho de 2009

Imper-feições do tempo

Se pudesse, parava tudo e cantava. Inspirava fundo, enchia o diafragma e entoava um "a" contralto em tom de lá para a vizinhança toda ouvir. Abria mão das contas e contaria a vida em páginas ilustradas. Se pudesse, parava tudo e cantava. Faria da voz o cartão de visitas. Descrevia estórias em sol e si. E quando a vida perdia a linha, afinava-a feito corda de violão. Se pudesse, solfejava anseios em teus ouvidos. Cantava sem receios os grunhidos de um coração sufocado. Se pudesse, parava tudo. Virava música. Reverberava.

Um comentário:

retrolectro disse...

Tenho amado todas as tuas escritas. Você deixa minha vida mais poética e me obriga, quase sem querer, a voltar a buscar o caminho dos poemas.