Meu abajur quebrou, meu Deus! Meu abajur quebrou! Se a matéria não é importante, porque somos materializados? Eu sou feita de que, afinal? Por que sinto que meu coração quebra? As amizades quebram, por quê?
O ritmo de vida quebra, a rotina quebra, o ciclo quebra. Por que tudo quebra?
Será o rompimento necessário? O famoso novo ciclo? O fim do antes e o começo do agora?
Por que dói quando quebra? Por que não gosto de saber que meu abajur quebrou?
Foram com meu abajur muitos sonhos. Foram com ele outros planos, quebrados, rompidos.
Meu reflexo está rachado em um espelho antigo. Sou eu, rompida como meu abajur, como as amizades que não servem mais, convertendo-me em outra. Eu, tomada por essa transmutação embriagante e interminável de quebras.
Quebra-se a casca, sai o bico, a cabeça, o corpo, as patas do pintinho. Nasce, de quebra, um ser material. Materializado, que se quebra e cujo coração é quebrável. Como o meu. Pintinho também tem dor no coração?
Eu não gosto do abajur quebrado por sentir que se quebraram razões do meu eu. O abajur quebrou entre uma e outra amizade desfeita. Coração despedaçado.
Espero agora pela renegeração. Tem? Não é fácil quebrar e reconstruir o coração. Sinto que tudo é leve, frágil e quebradiço. Sempre.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
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3 comentários:
Dói a quebra do abajur, dói o momento quebrado, dói o reflexo rachado, mas... trata-se do aprendizado do deixar ir. E de deixar ir-se também. Afinal, os ipês sempre amarelam, de novo e de novo e de novo...
Ai, que me senti sua cúmplice agora! Não pode querida, não pode perguntar essas coisas... especialmente com esse tipo de boa escrita, ai, ai, ai... Nem falar de pintinhos, a Clarice (Lispector) tinha um quê com pintinhos e olha no que deu, olha só as coisas que ela escrevia!
Perder amigos, dói mesmo, eu sei que dói, mas calma, calma que já, já, passa!
Um abraço fraterno,
Elis Barbosa
Não é só um abajur, afinal...
Obrigada, obrigada, obrigada!
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