Contempla a altura do oitavo andar. Imagina-se espatifada lá embaixo. Quantas horas durariam os milésimos de segundos de uma queda? Deixaria uma carta? Não! Seria num rompante! Simplesmente viveria o momento da morte como algo único, intenso, completamente espontâneo. Como aquele gozo. Como aquele amor. Sua vida se faz de momentos fugidios. De fagulhas. Efemeridades. Pensa que seria assustador para todos que a conheciam saber que havia se suicidado. Uma moça tão alegre, tão divertida, expontânea... Justamente, expontânea. Seria um vôo. Um vôo de milésimos de segundos cuja sensação, para ela, seria de horas e horas e horas. Coração acelerado. Frio na barriga. Aaaaaaaaaaaaaaahhhhh, grito preso na garganta, corpo em atrito com o ar, ímã da terra sugando... BUM! PLAFT? TUM? Que barulho seu corpo faria? Seria o vôo tão bom quanto seus gozos solitários? Mas não seguido de choro. Seguido de silêncio. I.no.do.ro. In.do.lor. A solidão sem remédio – dos não-hipocondríacos. A solidão de todos, de morrer só.
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2 comentários:
"Seria um vôo. Um vôo de milésimos de segundos cuja sensação, para ela, seria de horas e horas e horas. Coração acelerado. Frio na barriga." ... é isso que eu tenho buscado tanto! é isso que eu quero p meus proximos 2mil e 10 anos!!! hahaha
adorei, como sempre!
bjo
Uma coisa é certa, ouvi de quem presenciou um vôo livre desses, sendo que o pulo se deu a partir do décimo quinto andar. O barulho é ensurdecedor, a efemeridade do pulo está para a eternidade do barulho que, segundo a testemunha, “fica na sua cabeça!”.
Beijo,
Elis Barbosa
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