quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nos ares


Avião, objeto de desejo nascido da inveja das pessoas pelos pássaros (ou da admiração). Grandioso, acolhe montes de desejos, invejas e admirações. Atravessa portais de nuvens, encontra o sol entre camadas espessas de vapor – aparentemente fofas e brancas tais quais imagináveis estradas de algodão –, cujos raios o interpenetram, fazendo cócegas nos donos de desejos, invejas e admirações.

Todos voam e pensam: Não só podem os pássaros, mas também eu.

Mas os pássaros e suas penas e sua estrutura naturalmente aerodinâmica, não tem medo. Seu primeiro passo na vida é etéreo, desmancha-se no ar a partir do instante em que são jogados do precipício pela própria mãe. Precipício esse que, ironicamente, os leva às alturas.

Há sempre a torcida para que o avião chegue, enquanto, aos pássaros, para que voem mais alto e além. Diante da estrutura estrambótica de um avião, desculpem-me Santos Dumont, irmãos Wright e outros possíveis responsáveis por tal invenção, não há como não invejar os pássaros. Talvez, além das penas que lhes façam alçar vôo como num passe de mágica, tenham pena de quem só possa fazê-lo dentro dessa engenhoca.

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