Parou diante do espelho. A música tocava na sala. Viu-se, enxergou-se. Mais do que o reflexo. Seu rosto voltou ao de menina e transformou-se no de mulher. Pôs a mão na pele. Sentiu que era macia, gostosa de acariciar. Sentiu a maciez dos cabelos. Sentiu-se bonita. Mulher. Lágrimas correram. A emoção de ser mulher. De ter em si a força da vida. A mulher que gera. A mulher que sustenta. O amor na carne e na alma. Expansão de sentimentos e sentidos. A suavidade da criança risonha. O aroma das flores na calçada à noite. Os cabelos esvoaçantes com o vento. O pescoço de bailarina. A lua cheia e a sorridente. A senhorinha engraçada entra no elevador, cheia de sacolas. Os olhos atentos para o mundo ao redor. A terra treme. O ônibus corre e freia bruscamente. A cama é fofa. O quarto, perfumado. Essência de mulher. O tempo é agora. O beijo impetuoso. Intensa noite de amor. Doces palavras. As pupilas penetram nas próprias pupilas. O verde salta nos olhos lacrimejantes. A mão na pele. A fruição do amor, de dentro do peito, para o mundo ao redor. O nascimento. O renascimento. A sensação de ser. De inteireza. De mulher.
sábado, 28 de junho de 2008
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