quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Mastigando-te

Anoitece no Rio Vermelho. Alguns poucos pescadores conversam nos arredores da Casa de Iemanjá. Ali são deixadas as oferendas por eles levadas ao mar, oito horas adentro. Caminho no Rio Vermelho intimidada pelas ruas estreitas de casas antigas que revelam as entranhas do bairro.

Relembro os dias em que estive aqui com um amigo do qual não lembro o nome. Rio Vermelho. Em ti, reencontro mais uma vez o passado. Um passado que se faz presente.

O vento descabela, o cheiro no ar esbofeteia. As ondas são sempre certeiras. Não vejo filhotes de cachorro na caixa de papelão. Vejo um filhote independente, perto da Casa de Iemanjá. Ele me segue, pede minha companhia. Deu tempo para que aprendesse a fazer isso. Ele concorre comigo. E eu mesma peço minha companhia no Rio Vermelho. Respiro com mais profundidade os aromas de sal, de peixe, de mar. Assumo que preciso me dar a chance de viver Salvador.

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