sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Soteripolitanandando
Olha o baleiro, venha! Três amendoins por um real. Tem salgadinho, cinco pés de moleque é um real! O perfume do dendê está no ar. É acarajé saindo no largo do Rio Vermelho, em Itaigara, na Barra, no Campo Grande. A feira de São Joaquim está lotada. Tem galo, tem galinha, tem coisa de orixá. Tem cânticos da nação ketu, tem cumbuca para o caruru de Cosme e Damião. As ruelas lotadas da Liberdade, o bairro mais negro do Brasil, misturam carro e gente enquanto cacos de prédios históricos resistem no meio da favela. No pé da ladeira, a Cidade Baixa. Nosso Senhor do Bonfim reúne devoto, turista e vendedor de fita. Essa é de presente! No corredor da Vitória tem prédio com pier e apartamento com vista pro mar. Na sacada, banheira de hidromassagem. Quem dá mais? Quem dá mais? Mesa a céu aberto na Ribeira com muqueca de vermelho e criança pedindo comida. Na ilha de Itaparica, casa com quintal espaçoso e gramado bem verdinho. Caldo de sururu, vatapá, feijão fradinho. Aplausos celebram o sol se pondo no Porto da Barra. O jazz acompanha o anoitecer da Baía de Todos os Santos no Museu da Arte Moderna. Na orla de Pituba tem cacto e mar azul anil com lagos formados por arrecifes. Chinelo de dedo, sandália, pés descalços. Picolé Capelinha. Ó a limonada, ó! Ladeira da Barra com câmera na mão é perigoso. Tem dia que é estranho andar em Salvador. Ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Vitória tem a entrada da Vila Brandão. Vista linda da Baía de Todos os Santos. Só favela. É perigoso! Dia de chuva na capital. O Pelourinho, às traças. Triste de dar dó. Criança pede dinheiro, depois pede sorvete. Venha! Tem carne de sol com pirão de aipim. Tem picolé sabor de fruta. Cerveja no calçadão, pivete rebolando na praia pra se mostrar e outro vendendo queijinho pra ajudar em casa. Tem rapaziada jogando bola e gringo disputando frescobol com baiano. Oh no! Oh yes! Valeu! Na rua do Farol da Barra passa um negro com traços orientais. Os moleques pedem moedinha. É tarde de segunda-feira com sol. Quando a semana acabar, despeço-me de Salvador. Vá para Boipeba! Vá para a Chapada Diamantina! Vá para a Praia do Forte! Mas não se vá!
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