Pele alva. Fim de tarde banhado de sol. Cabelos crespos ao vento, castanhos. Olhos levemente esverdeados. Sentada na praia, à vontade diante de uma paisagem que lhe oferece a pirotecnia do sol se pondo e do céu mudando seus tons de azul e os do mar. Em transe com as transformações (dentro e fora de si).
Ao seu lado, sentado em uma cadeira, um moço rabisca um papel sobre uma pasta preta, entre uma e outra pausa para observar o mar, ou o horizonte. Olha curiosa aquele moço e seus gestos de quem desenha, de quem descreve, de quem traduz, de quem risca no papel a impressão de.
O sol se despede. O moço levanta da cadeira e oferece o desenho. Agradece, desenrola as duas folhas -- uma com desenho, outra com poesia. Um barco a vela. "O vento que susurra em meus ouvidos...", diz o poema. O vento sussurra. O mesmo vento que leva os barcos no mar logo em frente, ou que tenta levar os ancorados.
Dos rios da Amazônia à Baía de Todos os Santos, a pele alva. Sensação de flutuar. Mistérios das águas profundas e negras. Riqueza de cores do mar que amanhece e anoitece. Navegares que levam por caminhos desconhecidos. Sedução. Prazer de movimentar-se sobre as ondas e os fluxos. Sentir-se fluindo. Tem rio na cidade onde a mãe nasceu, que separa países, rio-fronteira, rio-passagem, rio-travessia.
Pele alva, cabelos cacheados balançam no vento que sussurra. Olhos verdes marejados. Na mão, um barco a vela e uma poesia. À frente, a noite se descortina permitindo que os últimos raios amarelos se espalhem no céu em dégradé. Sensação de ter o navegar como caminho. Vontade de se deixar levar pelos ventos e as águas. Identidade com o balanço equilibrado dos barcos. Arrepio.
sábado, 18 de outubro de 2008
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