quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

como não houvesse tempo





















Anoitece
e a vida acalma
como não
houvesse tempo

o vento tece a alma

Ruídos do dia
são vencidos pelas horas;
elas, nocauteadas
pela noite

pia o fim do açoite

Noite permanece,
faz-se eterna;
aquieta-se
ensimesmada

aquece-me o nada

Traduz a lua cheia
A não urgência do espaço
Como só ela sabe

luz que cabe ao aço

A noite não urge
O dia ruge
Ruge

O silêncio noturno
mesmo específico,
não desbota o céu

único e pacífico véu

Permite ouvir
da janela ao lado
um talvez casal
fazendo amor, talvez

fado carnal, nudez

Devaneios enluarados
Preenchem a lua cheia
da noite cheia de lua

fartura


[foto: Yusseff Abrahim]

Nenhum comentário: