quarta-feira, 29 de setembro de 2010

free wor(l)d



Sem trabalho, sem alguém para chamá-la de minha, sem uma caixa com milhares de e-mails para ser respondidos. A liberdade nunca foi tão sufocante.















Brincavam de fazer de conta que se atiravam da janela. As duas primeiras deram meia volta aos risos imitando aviãozinho com os braços abertos. A terceira, se dependurou no parapeito, respirou fundo, e gritou: Freeeeeeeeeeeeee! até perder a voz.



Na placa dizia: women free. Esbofeteou o namoradinho e foi-se embora.
Na placa dizia: Mike Tyson free.
Cada um que saía pela porta tinha um olho roxo.
Na placa dizia: Freedom.
Ninguém ali tinha dom pra nada.

6 comentários:

Ingrid disse...

alguém pra chamá-la de minha... a posse do outro é tão procurada hoje, isso às vezes não sufoca? ser livre é não ter ninguém pra chamar de meu e também não ser o ''meu de outro''. a propriedade privada que invadiu nossas relações. um dia, em outro lugar, seremos livres de verdade, afetos que irão pra além disso que nós vivemos, amor vai ser pouco pra definir tudo isso.

Débora Didonê disse...

a solidão pode ser tão sufocante quanto a posse. obrigada pela crítica, ingrid! ;-)

Carla Jaia disse...

A gente tem é medo dessa liberdade. Parece um buraco infinito. Um impossível. Queda pra sempre e frio na barriga.

daise disse...

Pra pensar, mesmo.

PS: Adorei a primeira imagem!

beijo.

Anônimo disse...

Você tem conseguido um efeito de comunicar através da literatura de forma tão direta. Tenho lido bastante os autores contemporâneos, para melhorar nesse aspecto, mas acho que ainda tenho muito para enxugar.

Parabéns minha querida e grande beijo. Ana

SRTA. LÓRI CAPITU disse...

Adorei!!!