sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Não ao mar



queria convidá-lo para ver o mar, mas faltava coragem. para quê? seriam eles e o barulho das ondas. e o barulho das ondas soava como um pedido de abraço. estar a sós diante do mar seria como estar no meio de uma pista dança. o mar cantarola, é musical, e se torna inverossímil ignorá-lo. conseguia ficar diante dele desde que conversassem, desde que ela pudesse dizer palavra após palavra, excessivamente ditas. porque diante do mar teriam de ficar calados. teriam de ouvi-lo e falar menos. o mar exigiria que se olhassem, que se mirassem suas pupilas. o mar sugeriria que dessem as mãos. a brisa nos rostos, abriria sorrisos. seus sorrisos se confrontariam diante da musicalidade aquática. era noite, a lua rebrilhava na superfície azul-escura. a lua os abençoaria, excitaria seus corações. contemplar o mar seria a perdição, seria a entrega, seria o amor. ela tinha medo. muito medo.

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